L'Étranger (em português O estrangeiro) é o mais famoso romance do escritor Albert Camus. A obra foi lançada em 1942, e traduzida em mais de
quarenta línguas.
Essa obra faz parte do
"ciclo do absurdo" de Camus, trilogia composta de um romance
(L'Étranger), um ensaio (Le mythe de Sisyphe - O mito de Sísifo) e uma peça de teatro (Calígula), obras que descrevem o
aspecto fundamental de sua filosofia : o absurdo.
Vale a aventura de ler essa
obra. Essa é a terceira vez que leio e sempre encontro algo novo.
O romance conta a história
de Meursault, um homem que comete um assassinato e vai a julgamento. A ação
desenrola-se na Argélia na época em que ainda era colônia francesa, país onde Camus viveu
grande parte da sua vida.
A narrativa começa com um
telegrama comunicando o falecimento da mãe de Meursault. Ele viaja ao asilo onde ela morava e comparece à cerimônia
fúnebre, sem, no entanto, expressar qualquer sentimento.
Meursault vive sem grandes sobressaltos: relaciona-se com Marie com certa indiferença (se ela quiser, ele
casa; senão quiser, um dar de ombros é o máximo que se traia dele); aceita as
propostas do patrão sem nenhuma emoção (vai para Paris, se ele assim o designar;
se não fica tateando o invisível em seus recantos, e estamos conversados);
participa da vida dos vizinhos sem alegria (ajuda o cafetão Raymond e o
velho Salamano com quem conserta automóveis, mas não os considera amigos).
Ao ajudar Raymond a se
livrar de uma de suas amantes árabes, os dois aborrecem o irmão da moça "o
árabe", e em uma praia o árabe esfaqueia Raymond. Num ato de loucura, incomum a personalidade de Meursault, ele volta à praia e atira uma vez no árabe causando sua morte e depois dá mais
quatro tiros no corpo já morto.
Durante o julgamento a
acusação concentra-se no fato de Meursault não conseguir ou não ter vontade de
chorar no funeral da sua mãe. O homicídio do árabe é aparentemente menos
importante do que o fato de Meursault ser ou não capaz de sentir emoções; o
argumento é que, se Meursault é incapaz de sentir remorsos, de se emocionar, deve ser
considerado um misantropo perigoso e consequentemente
executado para prevenir que repita os seus crimes, tornando-o também num
exemplo.
Além de ser uma enxuta
reflexão sobre o alheamento, “O Estrangeiro” trata ainda, filosoficamente, do
confinamento e da pena de morte.
Apesar de rejeitar o rótulo
de existencialista, Camus foi influenciado, ao escrever o romance, pelas ideias
de Jean-Paul Sartre e Martin Heidegger. Camus e Sartre em
particular haviam se envolvido na resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial e foram amigos até que diferenças em
posições políticas os levaram ao rompimento.
No limite, Camus apresenta o
mundo como essencialmente sem sentido e assim, a única forma de chegar a um
significado ou propósito é criar um por si mesmo. Assim, é o indivíduo e não o
ato que dá significação a um dado contexto. Camus também lida com as questões
do relacionamento humano em outras obras de ficção como La Mort heureuse (1971 - em português: A Morte
Feliz) e La peste (1947 - em português: A Peste),
assim como em algumas obras de não-ficção como L'Homme révolté (1951 - em português: O
homem revoltado) e Le Mythe de Sisyphe (1942 - em português: O Mito de
Sísifo).
Camus, prêmio
nobel de literatura, é conhecido como um gigante da literatura francesa, mas
foi seu berço africano que modelou usa vida e arte. Camus colocou suas duas
mais famosas obras: O Estrangeiro e A Praga, em Algeria. Todavia, a despeito
do monumental trabalho e grande afeto por sua terra natal, Algeria nunca tornou
esse afeto recíproco. Camus não é parte de nenhum curriculum escolar na
Algeria. Seus livros raramente são encontrados nas livrarias e bibliotecas.
Algeria apagou
Camus disse Hamid Grace, um novelista Algeriano que 2011 escreveu ‘Camus dans
le Narguilé’.
A despeito de
ser algeriano, Camus acreditava que a Algeria deveria continuar parte da
França. Assim Camus é conhecido em sua pátria como um colonialista e nada mais.
Catherine Camus, filha de Camus que mora na França, afirma que Camus amava
Algeria e sempre que podia visitava sua terra natal.
Ah Algeria, não
há como negar o talento de Camus. Sua grandeza como escritor é real, seu prêmio
nobel contribuiu para apresentar a Algeria para o mundo e se a visão política
não foi favorável ao seu país natal, que ele seja ‘salvo’ pela magnificência de sua obra
existencialista.
Outro livro de Albert Camus resenhado:
A Peste
Outro livro de Albert Camus resenhado:
A Peste