26 fevereiro 2018

Outliers ~ Malcolm Gladwell


As pessoas de sucesso trabalham mais que outras? O que torna algumas pessoas ‘fora de série’ (outliers)? Nesse livro vamos ver que as habilidades escondem uma lógica muito mais fascinante e complexa para o percurso do sucesso.

Apresentando histórias como Bill Gates, Bill Joy (autor do BSB Unix, que mais tarde possibilitaria criação da internet), Beatles, Mozart... Malcolm Gladwell mostra que o sucesso se beneficia de oportunidades incríveis, vantagens ocultas e heranças culturais. Além disso, para se alcançar excelência em qualquer atividade são necessárias nada menos do que 10 mil horas de pratica - o equivalente a três horas por dia (ou 20 horas por semana) de treinamento durante 10 anos. A Mágica das ‘10 mil horas’.

Gladwell chama atenção para a importância da cultura, da família, das oportunidades, do esforço e das experiências idiossincráticas dos outliers. Para ele você não precisa tanto de talento e sim de muita prática.

A vida fascinante de Chris Langan, que aos seis meses já falava em sentenças completas, é chave para entender melhor o conceito de outliers. Langan tem QI 195 (lembrando que o QI de Einstein era 150)
“Na escola, Chris Langan aprendia idiomas com extrema facilidade. Se tivesse a chance de dar uma olhada na matéria por dois ou três minutos antes da chegada do professor, acertava todas as questões. Aos 16 anos, sabia quase tudo sobre física teórica e conseguiu decifrar uma obra-prima reconhecidamente intrincada — ‘Principia Mathematica’, de Bertrand Russell e Alfred North Whitehead. Obteve nota máxima no SAT — um exame padronizado aplicado a alunos do ensino médio que estão se candidatando à universidade — embora tenha adormecido durante o teste”.
Depois de apresentar Chris Langan, Gladwell menciona Lewis Terman, professor de Psicologia da Universidade de Stanford. Criador do Stanford-Binet, teste-padrão de QI.
Em 1921, Terman decidiu que iria estudar os gênios. Com recursos da Commonwealth Foundation, contratou auxiliares e pesquisou crianças em escolas da Califórnia. As equipes testaram aproximadamente 250 mil estudantes dos níveis fundamental e médio e selecionou 1.470 que tinham QI superior a 140. Alguns chegaram a 200. Durante anos, Terman acompanhou os gênios. “Eles foram rastreados e testados, medidos e analisados. Suas realizações acadêmicas foram anotadas; os casamentos, acompanhados; as doenças tabuladas; a saúde psicológica, mapeada.” Tudo sobre eles era registrado e interpretado. Eram orientados na escolha dos cursos universitários e empregos. A pesquisa foi publicada como “Estudos Genéricos de Gênios”.
O que Gladwell mostra é que, apesar do incentivo de Terman, nem todos os gênios obtiveram sucesso. Os fora de série, “outliers”, tornaram-se pessoas comuns.
Gladwell aponta que “a relação entre sucesso e QI funciona até certo ponto. Depois que alguém alcança um QI em torno de 120, quaisquer pontos adicionais não parecem se converter em vantagem mensurável no mundo real. O QI de Langan é 30% mais alto do que o de Einstein. Mas isso não significa que Langan seja 30% mais inteligente do que ele”. Na verdade, “ambos são suficientemente inteligentes”.
 “Se a inteligência só importa até certo ponto”, constata Gladwell, “então a partir desse patamar outros fatores — que não têm nada a ver com a inteligência —começam a pesar”.
O sociólogo Pitirim Sorokin, crítico de Terman, disse: “Não há nada extra em termos de imaginação ou de padrões da genialidade que mostre que o ‘grupo de superdotados’ como um todo é superdotado”. O próprio Terman admitiu, ao final dos estudos: “Vimos, com uma ponta de decepção, que intelecto e realização estão longe da correlação perfeita”. Ser bem-sucedido, portanto, não tem ‘relação absoluta e direta’ com QI alto.
Voltemos então a história de Chris Langan. É possível que sua inteligência, tenha gerado certa arrogância? É possível que a falta de uma família estruturada o tenha  prejudicado? Bem como a falta de visão de professores e diretores do Reed College e da Universidade de Montana, que não souberam apoiá-lo?
Ao estudar Chris Langan, Gladwell menciona a história de Robert Oppenheimer, o físico americano que foi decisivo para a construção da bomba atômica. Oppenheimer era um menino prodígio, brilhante deste o ensino fundamental. Estudou em Harvard e doutorou-se em física em Cambridge. Na Inglaterra, irritado com seu instrutor, Patrick Blackett (Prêmio Nobel de 1948) — pois queria estudar física teórica e não física experimental —, tentou envenená-lo. Blackett escapou e Cambridge advertiu o aluno rebelde. Kai Bird e Martin Sherwin, na biografia “American Prometheus”, relatam: “Após negociações prolongadas, foi combinado que Robert seria suspenso e teria sessões regulares com um psiquiatra proeminente de Harley Street, em Londres”.

Chris Langan, um gênio consumado, perdeu a bolsa de estudos, por desleixo da mãe que esqueceu de assinar a documentação, e acabou tendo sua vida acadêmica encerrada pela burocracia. Oppenheimer, que tentou assassinar um professor, acabou perdoado e enviado a um psiquiatra.

Mais tarde, consagrado como um dos físicos mais brilhantes do mundo, Oppenheimer assumiu a direção científica do Projeto Manhattan, com o objetivo de construir a bomba atômica. O general Leslie Groves foi encarregado de encontrar o cientista para dirigir o projeto. Como só tinha 38 anos e era um físico teórico, Oppenheimer, em tese, não deveria ter sido escolhido. Mas foi. Ao conversar com Groves, Oppenheimer esmerou-se, apresentando suas ideias de maneira brilhante, com uma argumentação convincente.

Por que Oppenheimer deu certo e Chris Langan, “errado”? “Porque Oppenheimer possuía um tipo de destreza que lhe permitia obter o que quisesse do mundo.” Chris Langan, confrontado com os problemas, desistia. Faltava a Langan Inteligência prática.

O psicólogo Robert Sternberg, citado por Gladwell, fala em “inteligência prática”. Para Sternberg, a inteligência prática inclui elementos como ‘saber o que dizer e para quem; saber quando dizer e saber como dizer para obter o máximo de efeito’.

Usando o termo técnico, a inteligência geral e inteligência prática são ‘ortogonais’: a presença de uma não implica a presença da outra. Uma pessoa pode ter inteligência analítica e pouquíssima inteligência prática, assim como pode ser rica em inteligência prática e pobre em inteligência analítica ou — como no caso afortunado de alguém como Robert Oppenheimer — pode ter as duas.

Chris Langan nasceu inteligente. O QI é um indicador, em grande medida, de habilidade inata. Mas a ‘destreza social’, conceito cunhado pela socióloga Annete Lareau vem da convivência no ambiente familiar É um conjunto de capacidades que precisam ser aprendidas.


A Leitura vale cada página!!!

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